Desafios da Assistência Social

psicologia-suasA atuação dos trabalhadores da Psicologia no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) foi tema da discussão realizada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) na manhã desta sexta (21), durante o IV Congresso Brasileiro de Psicologia: ciência e profissão (CBP).

A roda de conversa, intitulada “Conquistas e desafios da Psicologia no SUAS”, contou com apresentações do trabalho “Conversando sobre o SUAS”, projeto regional de formação desenvolvido pelo Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas (CREPOP) do Rio Grande do Sul, e das discussões realizadas no âmbito do CFP acerca dos processos de planejamento e gestão pública relativos ao tema.

Segundo André Sales, assessor técnico de Políticas Públicas do Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul, o projeto surgiu em 2010 com o propósito de disseminar respostas coletivas para demandas cotidianas dos profissionais, produzindo alternativas para impasses territoriais e consolidando o modo de ocupação do espaço e de identidade do (a) psicólogo (a) dentro da Política Nacional de Assistência Social.

Por meio de encontros de formação em diferentes municípios gaúchos, o projeto já trabalhou temas como avaliação psicológica e judicialização da vida, assistência social e redes intersetoriais e serviços, além de práticas inventivas para a construção do SUAS, dispositivos clínicos na Assistência Social e implicações psicossociais da pobreza. “Quanto a este tema, discutimos por exemplo as consequências de uma situação de pobreza crônica em uma determinada situação, a partir de Martin Baró. Percebeu-se, nos relatos dos profissionais, o sentimento de vergonha e humilhação como decorrentes de uma situação de pobreza”, exemplifica.

Nos últimos meses, o Conversando sobre o SUAS promoveu uma reorientação metodológica do trabalho, constituída de ciclos temáticos que permitem a regionalização dos debates em todas as subsedes do CRP. Além disso, foram implementadas mudanças na forma de sistematização dos debates, menos formais, e um esforço de que pedidos de orientação ao Conselho funcionem como “disparadores de conversas”.

Desafios

Meire Viana, representando o CFP na discussão, utilizou trechos da Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do Sistema Único de Assistência Social (NOB-RH/SUAS) para elencar os desafios para o trabalho da Psicologia no Sistema Único de Assistência.

A partir do resgate da história da atuação do(a) profissional de Psicologia na Política Nacional de Assistência Social no Brasil (2004), e com o consequente aumento da sua robustez institucional, Viana apontou demandas colocadas atualmente aos trabalhadores da área.

A gestão do trabalho no âmbito do SUAS deve garantir a ‘desprecarização’ dos vínculos dos seus trabalhadores e o fim da terceirização, além de criar mecanismos de educação permanente aos profissionais, com planejamento estratégico, garantindo a gestão participativa com controle social, além de integrar e alimentar os sistemas de informação. Há questões em que temos avançado, mas outras que ainda precisam ser colocadas em prática”, apontou.

O compromisso ético e político de profissionais, com vistas à emancipação dos usuários, também foi pontuado pela representante da autarquia. “A Psicologia tem na sua origem uma relação com uma classe social diferente do usuário do SUAS, a profissão foi pensada para atender uma população de classes privilegiadas”, afirmou, ao pontuar ainda a necessidade de defesa do direito dos usuários de forma articulada com os direitos dos trabalhadores, a construção de uma identidade específica dos profissionais psicólogos dentro do SUAS, o combate ao assédio moral, a garantia da qualidade dos serviços e a atuação crítica na defesa dos direitos humanos.

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