O Conselho Federal de Psicologia realizou na tarde desta sexta (21) conversa sobre diversidade, direitos humanos e povos tradicionais. Durante a mesa foi apresentado o projeto “Capacitação de Educação em Direitos Humanos”, que no período de 2006 a 2009 ofereceu oficinas para educadores, professores, estudantes, lideranças e educadores indígenas de Roraima, com objetivo de aprofundar os estudos com dados científicos na temática dos Direitos Humanos.
Denise Figueiredo, psicóloga e tesoureira do Conselho Regional de Psicologia 20 – Seção Roraima, apresentou o projeto e falou sobre a importância da ação de empoderamento social por educadores indígenas. Consultora do projeto, destacou que os povos indígenas têm diferentes formas de tratamento da diversidade. Para ela, a Psicologia contribui por meio do trabalho com a subjetividade. “Trabalhamos a constituição do ser e de seu empoderamento. Por meio de temas específicos, buscamos trabalhar como assumir, viver e reivindicar seus próprios direitos. As oficinas atuavam para o reconhecimento da alteridade do indivíduo e principalmente fazer com que este se sinta autor de sua própria trajetória”, explicou .
A oficinas foram realizadas sob temáticas que abordavam os temas como Questão Étnica e Currículo Escolar; Educação em Direitos Humanos; A Constituição Subjetiva do Sujeito; Preconceito e Discriminação; Direitos Humanos e Povos Indígenas; Declaração Universal dos Direitos Humanos; Violência Sexual Infanto-Juvenil, entre outros. Os educadores capacitados tornaram-se multiplicadores da capacitação em suas comunidades.
Até 2009, o projeto se estendeu a outras licenciaturas da UFRR e também a professores; orientadores educacionais; supervisores e diretores da rede estadual de ensino de Boa Vista. “Em Roraima temos uma grande população indígena e temos muito preconceito, inclusive dentro da própria universidade. No entanto, aos poucos a população indígena já exerce seus direitos. Estão se capacitando e ocupando espaços nas universidades, concursos públicos, por exemplo”, destacou.
Conceito de diversidade
A conversa contou ainda com a participação do psicólogo e professor da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ), Celso Francisco Tondin, que explanou sobre o histórico da construção do conceito da diversidade.
“A diversidade não é um conceito recente – desde a constituição as ciências humanas e sociais já existe a discussão. Diversidade e diferença não são temas de um debate recente. Temos que reconhecer que a psicologia não é a melhor referencia, mas , no contexto histórico das ciências humanas e sociais, a partir dos anos 60, o tema da diversidade se atrela a questão da desigualdade, convocado principalmente pelos movimentos sociais”, disse. Ele finalizou destacando a importância em se respeitar as diferenças e de combater as desigualdades por meio das pesquisas científicas e formação acadêmica da Psicologia.
O objetivo da mesa, de acordo com a Conselheira do CFP, Madge Porto, foi proporcionar um momento para ouvir a categoria sobre as questões relacionadas à Psicologia e os povos tradicionais. “O CFP tem uma representatividade bem plural da categoria, de várias áreas e regiões, e queremos saber o que os psicólogos pensam e discutir para construirmos coletivamente as ações da Psicologia relacionada aos povos tradicionais”, destacou.